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SIUD disponibiliza descrição de imagens para leitores com deficiência visual
Nos últimos anos, as redes sociais têm-se tornado muito importantes para a comunicação direta entre clientes/usuários e empresas/instituições, não restringindo-se a meios de interação social entre pessoas. Nessa perspectiva, a acessibilidade nas redes sociais é fundamental para garantir a inclusão de pessoas com deficiência, sobretudo com deficiência visual, que acessam o conteúdo dessas redes por meio de leitores de tela capazes de transformar o texto disponível em voz.
Antenada com as necessidades desses usuários, a Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba (BC/UFPB) desenvolve trabalho de atendimento a alunos com deficiência visual da instituição (graduação, pós-graduação e extensão), fazendo adaptações de materiais didáticos para o código Braille ou para arquivos digitais acessíveis aos leitores de tela de smartphones ou computadores.
A Biblioteca Central presta serviços a usuários com deficiência desde 1985, quando foi criado um setor especialmente voltado para esse tipo de atendimento. O antigo Serviço Braille ganhou nova nomenclatura: Serviço de Inclusão de Usuários com Deficiência (SIUD), vinculado à Divisão de Serviços ao Usuário (DSU). Coordenado atualmente pelo bibliotecário Josenildo Costa, o setor conta com o trabalho especializado da servidora Rafaella Meira Prado, transcritora de Braille.
De acordo com Rafaella, com as adaptações citadas acima, a pessoa com deficiência visual consegue ler conteúdos e interagir com os demais usuários. “Entretanto, os leitores de tela só leem textos, ficando o conteúdo imagético inacessível ao usuário com deficiência visual. Portanto, é necessário que este conteúdo seja transformado em texto a fim de ser acessado pelo leitor de tela e, por conseguinte, pelo usuário”, explicou.
A servidora informa que Facebook, Instagram e Twitter possuem a função chamada "Texto Alternativo", através da qual podem ser inseridas as descrições das imagens ali postadas. “No Instagram, por exemplo, quando na edição de legenda da imagem escolhida, esta opção está em ‘Configurações Avançadas’, que contém a opção ‘Escrever texto alternativo’”, exemplificou.
No Facebook, segundo Rafaella, ao clicar na foto postada, aparecem três pontos no canto superior direito e, ao clicar nele, uma das opções é "Editar texto alternativo". Caso a conta do Instagram esteja configurada para publicar também no Facebook, o texto alternativo escrito no Instagram vai automaticamente para o Facebook.
Além da ferramenta "Texto Alternativo", também pode-se incluir, ao final do texto da postagem, a hastag #PraCegoVer e, em seguida, acrescentar a descrição da imagem.
Já no Twitter, ainda de acordo com Rafaella Meira Prado, ao selecionar a foto que se deseja postar, surge o botão "+Alt" no canto inferior direito da foto e, clicando nele, é possível inserir a descrição da imagem. De fotos pessoais aos cards de divulgação, todas as imagens precisam ser descritas para serem acessíveis aos usuários com deficiência visual.
Veja exemplo de card (foto ao lado) e sua descrição:
"Card com cor de fundo verde e detalhes roxos nos cantos. No centro, está o texto, na cor branca: Sejam bem-vindos (as). Período Suplementar 2021.1. A UFPB e o Sistema de Bibliotecas deseja um bom início e retorno às aulas. Abaixo, centralizada, está a logomarca da Biblioteca Central. Na base da imagem, estão o ícone do Instagram, seguido do perfil @bibliotecacentralufpb e o ícone de página da web seguido de biblioteca.ufpb.br."
A transcritora de Braille acrescenta que a descrição deve ser clara e objetiva, destacando os aspectos mais importantes e relevantes da imagem que sejam vitais para sua compreensão. “Quando se trata de card de divulgação, é preciso destacar o conteúdo de texto dentro da imagem, pois este traz informações importantes como título do evento, data, horário e local”, adiantou.
Atualmente, Rafaella Meira Prado vem atuando nas descrições das imagens que vão para o Instagram da Biblioteca Central. As imagens são, em sua maioria, cards de divulgação de treinamentos promovidos pela BC e de serviços prestados, além de informações relevantes sobre plataformas digitais disponíveis para os usuários, entre outras informações.
“Na UFPB, temos estudantes com deficiência visual. Assim, este trabalho os auxilia na interação com a BC pelas redes sociais. Além disso, por sermos uma biblioteca de uma universidade pública, outras pessoas com deficiência visual de outros estados também podem acessar essas redes sociais. Sendo assim, este trabalho é imprescindível para a inclusão das pessoas com deficiência visual”, detalhou.
Inclusão
O coordenador do Serviço de Inclusão de Usuários com Deficiência (SIUD), Josenildo Costa (na foto ao lado, com Rafaella Prado), é deficiente visual e, com propriedade, sabe bem da importância da descrição de imagens. “Esse trabalho de descrição de imagens é bom porque situa o deficiente no contexto daquela determinada informação. Ou seja, não deixa o deficiente visual excluído desses detalhes do que está sendo divulgado naquele exato momento”, explicou.
Para Josenildo, no que diz respeito à acessibilidade, o fato de não precisar da presença física de uma pessoa que descreva as imagens disponibilizadas é um grande avanço. “Por exemplo, se a pessoa, no caso, o deficiente visual morar sozinho, como é que você vai ter acesso? É como se a pessoa tivesse fazendo a leitura da imagem. É uma questão de inclusão social propriamente dita. É um trabalho de grande importância para nós, deficientes visuais”, acentuou.
Esse diálogo, por celular, com Josenildo Costa aconteceu nesta quinta-feira (2), minutos após o jogo Brasil x Marrocos no Futebol de 5, também conhecido como Futebol para Cegos, válido pelas semifinais das Paralimpíadas do Japão. Ele ainda estava eufórico com a vitória de 1 x 0 do selecionado brasileiro. Impossível não registrar aqui a emoção ainda irradiada pela voz do coordenador do vitorioso time do Serviço de Inclusão de Usuários com Deficiência da Biblioteca Central da UFPB.
Fotos: Biblioteca Central e Brasil Escola