Cacique potiguara participa de disciplina da pós em antropologia

Graduado em História, liderança dá aulas também de Tupy e Artes na aldeia Alto do Tambá, na Baía da Traição, Litoral Norte paraibano. Foto: Divulgação

O cacique potiguara Nathan Galdino, 47 anos, da aldeia Alto do Tambá, na Baía da Traição, Litoral Norte paraibano, participará da disciplina optativa "Creando Diálogos de Saberes: Territorios y Cosmovisiones en América Latina, oferecida pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

As atividades, que começaram presencialmente e, por conta da pandemia de Covid-19, seguirão online, via webconferência, até 17 de junho, têm como objetivo a análise e reflexão crítica da construção de diálogo de saberes nativos, incorporando a perspectiva de comunidades e cosmovisões ligadas a seus territórios,

As aulas estão sendo gravadas através da plataforma Zoom Meetings. A cadeira conta com 19 alunos inscritos e será ministrada pela professora visitante do México, María Elena Torres, e pela docente Alicia Gonçalves, da pós em Antropologia da UFPB.

Graduado em História, o cacique conta que ser aluno da Pós-graduação em Antropologia da UFPB é uma conquista. “Principalmente diante de todas dificuldades e desafios de formação e dos cuidados da aldeia e família”, destaca. Segundo ele, sua aldeia é composta por aproximadamente 232 famílias, quase 900 pessoas.

Para o cacique, a experiência do curso tem sido desafiadora, inclusive a superação de dificuldades de acesso a ferramentas como computador, internet e a compreensão de outras línguas.

“Hoje, na minha aldeia, a tecnologia tem avançado, temos internet fornecida por um rapaz de Rio Tinto, cidade vizinha. Com esforço comprei um netbook e estou conseguindo acompanhar as aulas”.

Outro grande desafio é que o curso é em espanhol e em inglês. “Mas eu sou um pouco curioso de tudo, eu pesquiso, pergunto à professora, às minhas filhas”, conta o cacique, que ainda é professor em sua aldeia, dando aulas de História, Tupy e de Artes.

Entre os inscritos na disciplina, além do cacique, estão alunos do próprio programa, servidores públicos e funcionários de outras instituições ligadas à proteção do meio ambiente no estado da Paraíba.

De acordo com a professora Alicia Gonçalves, nos últimos anos, o curso tem tido vários alunos indígenas. “Desde a nossa Escola de Altos Estudos, patrocinada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2017”, explica.

O projeto internacional Escola de Altos Estudos, intitulado “Sociedade, Cultura e Desenvolvimento: faces do desenvolvimento rural sustentável”, foi desenvolvido por meio de parceria entre a UFPB, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Centro de Investigación y Estudios em Antropología Social (Ciesas) de Chiapas, no México.

A disciplina optativa "Creando Diálogos de Saberes: Territorios y Cosmovisiones en América Latina” é uma ação articulada pelo programa e integra a Política de Internacionalização da UFPB, no âmbito do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt) da Capes na UFPB.

Ascom/UFPB